Esquerda-direita… direita-esquerda

Foto: Andrew Esiebo, no perfil A Sud del Mondo.

Foto: Andrew Esiebo, no perfil A Sud del Mondo.

A preferência é pessoal, mas o destino coletivo. A ação é individual, mas as consequências envolvem a sociedade. A decisão varia de acordo com cada cidadão, mas a regra é para todos. Encontrar o ponto comum é um exercício complexo, demanda justiça, requer bom senso e, ainda assim, depende de fatores tais como o momento em que estamos vivendo, o lugar onde as coisas acontecem, os nossos hábitos culturais e também a maneira como fomos educados para pensar e agir.

Nesse cenário, torna-se um desafio falar sobre política, opção religiosa, questões relacionadas ao gênero e à sexualidade, preferência artística (em especial no que se refere à música, literatura e cinema), sem contar os temas mais sensíveis como aborto, legalização das drogas, discriminação social e étnica.

Cada pessoa tem uma opinião, enxerga o assunto a partir de uma perspectiva específica e, via de regra, advoga em causa própria. Se antigamente dizia-se que “de médico e de louco, todo mundo tem um pouco”, atualmente podemos estender a máxima para outras categorias, incluindo: dono da verdade, conhecedor da causa, defensor da lei, profeta, crítico da sociedade e, por que não dizer, blogueiro.

Todos nós temos um pouco disso tudo. Alguns mais para a margem esquerda, enquanto outros navegam à margem direita e uns tentam, ilusoriamente, seguir o rio pela correnteza, seja lá de onde derive. Cada indivíduo tem uma posição, defende suas crenças e procura sensibilizar seu entorno para “despertar a consciência alheia”. A dinâmica de funcionamento é semelhante, mas, claro, de acordo com a sua moral pessoal!

Pelo que fazem constar nas redes sociais, os da margem esquerda sabem muito bem o projeto de sociedade que querem ver implantado. Os da margem direita também e o mesmo acontece com aqueles que optam por ficar em cima do muro, aproveitando, oportunamente, um cadinho de lá e de cá. Em todos os casos, há tanto saber quanto ignorância, tanto lógica quanto irracionalidade, tanto amor quanto ódio, tanto verdade quanto relatividade. Todos acertam e todos erram.

Fácil mesmo é avançarmos o sinal da individualidade, sugerindo que, por vivermos em sociedade, temos todos que ser orquestrados por uma única margem regente. E a melhor é aquela defendida por quem está levantando a bandeira, seja ela qual for. Na prática, ficamos de mãos atadas aos pés, perdendo a direção e o sentido da coletividade, sem a certeza do que seria melhor ou pior, simplesmente porque não existe uma única verdade social e moral que contemple todos os seres vivos desse planeta.

A sensação mais comum é a de nos encontramos num beco sem saída, num labirinto hermeticamente fechado em que, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Por isso, é compreensível a ideia de que somente o apocalipse é capaz de transformar o mundo. Por outro lado, a certeza de que a mudança externa deve começar dentro de nós torna esta hipótese muito incipiente. O apocalipse precisa ocorrer na alma humana, independente da margem em que nos encontramos.

No fundo, o que importa agora é tomarmos atitudes individuais. Talvez seja tarde demais para ações coletivas, pois parece que atingimos o ponto em que, realmente, a soma das pequenas mudanças do nosso próprio modo de agir que totalizam grandes transformações.

É urgente que façamos a nossa parte. Trata-se apenas de sermos um rio que segue seu curso natural. O fato de as águas estarem distribuídas à esquerda ou à direita, não vai interferir no processo. Afinal, não irão todas desaguar no mesmo oceano?

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Uma resposta para Esquerda-direita… direita-esquerda

  1. marco aurélio de oliveira disse:

    Esquerda, direita, direita esquerda, , para que lado ir, em quem acreditar, o que é certo pra você, não é muito interessante para mim. Mas tudo é muito simples, nós e que complicamos a trajetória, há pouco li uma noticia que o setor de pesquisa da Universidade de Harvard está condenando o leite de vaca para consumo humano, o burburinho foi grande e a noticia gerou muita polemica, descobriu-se então que Harvard apenas limitou o consumo, então quem conta um conto aumenta um ponto, o humano que lançou a noticia quer que a maioria pense e aja como ele, que não suporta leite de vaca, conheço um sujeito assim, rsrsrsrs, mas está melhorando, penso que emitir opinião ou ajudar, só se alguém solicitar simples assim. O final deverá ser bom, todos tomaremos banho de mar, espero que seja no verão.

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