O medo do invisível. A angústia do momento. Tristeza pelas perdas em curso. Ansiedade pelo desconhecido. Desconsolo pelo caos social. Consternação pelo sofrimento dos outros. Aflição pelo estado paralisado das coisas. A lista pode ser ainda maior e, sim, começar uma conversa dessa maneira é correr o risco de perder o interlocutor logo de cara. Ah… tempos difíceis.
Mas não fuja. Pelo menos ainda não, pois se você se identifica com uma ou com todas as agonias mencionadas, tenha a certeza de que não está enlouquecendo. Nem eu. Ao contrário, estes sentimentos perturbadores provam que estamos sintonizados com o planeta e sensíveis às tragédias do mundo. Nenhum ser humano de verdade se sente indiferente em relação a tudo isso, muito menos ignora a vulnerabilidade em que estamos mergulhados, dos pés até a alma. Esse penar representa, de fato, parte da capacidade humana que nos motiva para assumirmos a responsabilidade pela vida, a própria e a dos outros.
Tenho certeza de que muitos de nós sentimos a inquietude tomar conta das horas, dos dias e, frequentemente, também das noites. Nem sempre encontramos sossego no coração para repousar a cabeça no travesseiro. A insônia tem sido companheira frequente da madrugada e quando o dia amanhece, fica até difícil dizer qual é o feriado da vez (principalmente para quem é paulista!) ou em que dia da semana estamos colocando os pés. A cabeça anda um tanto zonza por causa dos pensamentos recorrentes nada positivos. A alma parece poluída. Porém, acredite: ainda estamos lúcidos!
Conversando com amigos da área de psicologia clínica recentemente, comentávamos justamente sobre como o sofrimento emocional vem se generalizando, dando maior visibilidade para os casos de depressão, ansiedade e pânico. Parte do que está acontecendo já pertencia ao nosso repertório emocional e, agora, está apenas aflorando. Mas também estamos muito mais susceptíveis ao que vem de fora, principalmente porque nem sabemos de onde vem.
Eu mesma passei um susto danado há algumas semanas. Perdi a referência de positividade em meio a um resfriado (sim, no meu caso, foi apenas uma gripezinha!), achando que o bicho-papão havia encontrado meu endereço. Que tormento! A noção do bom senso e a lógica científica viram pó nessas horas. Repassamos todos os passos para tentar descobrir quando abrimos a guarda e como nos fragilizamos. E não é para menos. A realidade mediada pelos canais da internet nos conduz para tal desequilíbrio psicoemocional (é quase uma paranoia!), e haja floral, meditação e reza brava para nos colocar de volta nos trilhos. Não é fácil para ninguém e tem sido ainda pior para muito mais gente, infelizmente.
Escapar da negatividade dos noticiários é praticamente uma missão impossível porque, temos que admitir, as estatísticas espelham números muito próximos dos verdadeiros (e as fontes seguras afirmam que estão ainda piores), e as perspectivas futuras são incertas (por demais). Podemos dizer que estamos vivendo atrás de uma cortina de riscos e ameaças constantes e tem muita coisa acontecendo que foge do nosso controle e alcance. Imagina, então, como ficam as pessoas que insistem em controlar tudo e muito planejam. Confesso que conheço bem como isso funciona, pois me curei dessa teimosia não faz muito tempo. Bem, ainda sofro algumas recaídas, mas nada melhor do que desfrutar do antídoto (flexibilidade em doses diárias) e entrar no fluxo da vida como ela se apresenta. Fica bem mais leve.
Aos poucos vamos compreendendo que fatos não são problemas. São realidades que nos permeiam, simplesmente. Isto é leve de assimilar. Ao olharmos para eles como pontos de confronto, deixamos de avançar em nosso processo evolutivo e a lista vira castigo. Por outro lado, se os encararmos como lição conseguimos potencializar a transformação interior necessária para amadurecermos aquilo que somos. É quando a lista vira nossa professora. Isto, sim, é leveza no viver, apesar do caos.
Tudo o que acontece no mundo é reflexo da nossa mentalidade. Por isso, além de encarar os fatos e não nos deixarmos levar pelo olho do furacão, é importante examinarmos nosso modo de pensar e os valores que fundamentam nossas ações. Fazemos escolhas baseados nisso e nosso tempo agora é como um retiro para avaliarmos nossas verdades e nos fortalecermos para novas escolhas. Vamos nos lembrar: a desaceleração do óbvio nos leva à valorização do essencial. É isto que devemos colocar no topo da lista para torná-la bendita!
Fase bem delicada….Muita Fé e quando ver o desânimo bater ou mesmo um resfriado…lembrar da Gratidão e o evangelho com seus sublimes ensinamentos.bjs
Enviado do Outlook Mobile
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exatamente isso, Alia. Sigamos confiantes! forte abraço 🙂
Tempos difíceis para aprendermos a valorizar o essencial…
Sigamos, ao menos, na tentativa…
Abração.
simmmm, sigamos confiantes de sermos capazes de aprender algumas lições importantes.
bjkas, mamis querida!!
…”a desaceleração do óbvio nos leva à valorização do essencial”. Que frase! Quero mais! Mto mais! Bjao
Pois é… que possamos nos sintonizar com o ritmo da alma, né!!! bjkas
Sim, tempos difíceis sem dúvida e bem retratados no texto!
Já difícil de ser administrada a crise externa que nos envolve, somos desafiados de diferentes e inesperadas maneiras em nossos refúgios e na profundeza da alma! O que fazer? Algo? Nada? Chorar? Orar? Rir? Pular amarelinha ou se esconder debaixo da cama? Sei lá!
Tudo já senti e a diversas estratégias recorri, mas o tempo não passa ou passa e não vejo! Que dia é hoje? Sem meu companheiro, o relógio de pulso, não sei mais responder!
Quando otimista tenho absoluta certeza de que tudo vai passar! De alguma forma vamos sobreviver e reviver em um novo mundo!
Quando negativo e cansado, já não tenho certeza, tudo parece incerto e a esperança uma ilusão necessária!
Parece que estamos em uma montanha russa, aliás alguém já viu uma montanha russa? Já vi em outros países! Diga lá minha amiga, porque chamaram a montanha russa de russa, não poderia ter sido chamada de montanha Himalaia! Que bobagem é esta? Sei lá! Talvez mais uma estratégia para lidar com a Vida que virou pelo avesso! Bjs no coração!
Amigo querido, seus comentários sempre enriquecem. Gratíssima! Também já me perguntei sobre o termo “montanha russa” (inclusive tem um texto aqui no blog com esse assunto: https://ascendendoaluz.wordpress.com/2016/02/10/saboreando-a-montanha-russa/), mas nunca havia pesquisado a sua origem. Fui fazer uma busca rápida na internet e descobri que é “Russa” porque a brincadeira de subir e descer montanhas foi registrada pela primeira vez por lá, no século 18. Mas arrisco tranquilamente o pescoço dizendo que, certamente, outros povos já desciam e subiam montanhas com seus trenós ou pseudo-trenós antes… hahhahaha. De qualquer maneira, essa oscilação da vida, ora do avesso e ora do direito, dá muito o que pensar. Principalmente porque o lado “certo” talvez seja aquele necessário para o momento. Abraço afetuoso 🙂
Acredito que o que poderia resumir o texto e nossa atual realidade é a frase “A alma parece poluída. Porém, acredite: ainda estamos lúcidos!”.
Precisamos ficar lúcidos porque tudo isso vai passar!
Gratidão por compartilhar o texto, Andrea!
Grata por suas palavras, Ricardo. Vai passar, no tempo que ainda não controlamos, mas que nos ensina a exercer a paciência! Abraço 🙂
Belo texto =D
Super grata!!
bjka 🙂