Três tipos de gente

Trocando ideias sobre este blog com algumas pessoas, me perguntaram para quem direciono meus textos. Na hora, fiquei sem resposta. Mas, a primeira que veio à minha cabeça, alguns minutos mais tarde, foi: para pessoas como eu mesma.

Elabore um pouco mais, me pediram.

Quem são as pessoas como você? Insistiram.

Ah! Isto é simples: são pessoas que tentam romper as relações com o ritmo da marchinha, para fazer alguma coisa diferente. Mesmo que isto signifique correr o risco de se tornar paradoxal.

Agora, pensando melhor, direciono meus textos para mim mesma… rs!! É como se “uma parte de mim” falasse para “a outra parte de mim”, numa tentativa de desperta-la para a vida (aquela, da qual não temos o costume de falar). Uma prosa despretensiosa, mas com o objetivo claro de se libertar dos passos de dança que a história ensinou a bailar.

"Escolho viver por opção, não por acaso; a fazer mudanças e não desculpas; a ser motivado e não manipulado; a ser útil e não usado. Escolho a auto-estima e não a auto-piedade; a ouvir minha voz interior e não as opiniões aleatórias dos outros".

“Escolho viver por opção, não por acaso; a fazer mudanças e não desculpas; a ser motivado e não manipulado; a ser útil e não usado. Escolho a auto-estima e não a auto-piedade; a ouvir minha voz interior e não as opiniões aleatórias dos outros”.

É isso. Improviso para mim mesma, buscando reconhecer o ritmo da melodia que encanta minha alma e distingui-lo do ruído que me afasta do meu prumo. Uma espécie de mantra que ajuda a me concentrar sobre o essencial, o fundamental. Uma forma particular de versar sobre a vida que todo mundo vê.

Acontece que, assim como eu, o mundo está cheio de pessoas que se movimentam em busca da singularidade do seu ritmo. Muitas delas navegam pela internet e acabam se identificando com as minhas composições. Assim como eu, algumas se nutrem da mesma energia e seguem fazendo rupturas no seu cotidiano.

Talvez seja simplista demais a forma como penso. Ou, quem sabe, estou estereotipando as pessoas. Não sei. Apenas percebo que existem aqueles que vivem nessa vibração e que procuram alargar sua consciência, ampliando seus horizontes espirituais. Gosto de me pensar neste fluxo.

Em contrapartida, existem aqueles que parecem não fazer a menor ideia de que estão, aleatoriamente, marchando. Suponho (apenas suponho!) que essas pessoas não têm uma consciência mínima de si. É como se elas estivessem completamente imersas numa nuvem de poeira, sem conseguir enxergar-se.

Este segundo tipo de pessoa segue o ritmo alienante das grandes massas. Não tem o costume de fazer uma reflexão sobre o que acontece a sua volta. Ela aceita as circunstâncias sem questionamento. E, não, isto não é nenhum ato de resignação. É pura conformação.

Nada do que você fale pode alterar este estado de inanição. Estas pessoas seguem uma “direita-esquerda, direita-esquerda”, sem perceber que estão reproduzindo a marcha aprendida. Para elas, não há outra canção possível. É como se a esperança de transformação fosse uma daquelas sementes jogadas na rocha firme. É preciso muitas vidas para germinar.

No meio termo, estão as pessoas que, de uma forma ou de outra, ganharam consciência da marchinha, mas não conseguiram transpor sua toada. Embora não tenham se deixado aprisionar, também não se desprenderam totalmente. Elas oscilam entre a busca de um ritmo inovador e a tradicional “direita-esquerda”. Na maior parte do tempo, apenas ecoam.

É preciso se identificar com o movimento.

É preciso se identificar com o movimento.

Dizem que, se direcionarmos nossas vibrações para esse terceiro tipo de pessoas, elas até têm alguma chance de eclodirem um novo ritmo. Talvez. Fato é que a força da marchinha é tão grande, que seria necessário um impacto proporcionalmente contrário para invocar outro movimento. Nesse caso, minha prosa ainda precisa ganhar reforços; a canção carece de um coral de vozes que possa sensibilizar essas pessoas.

Por isto, só dou conta de mim mesma (e olhe lá!!). Portanto, peço licença para continuar falando em voz alta, algumas vezes. Entretanto, alimento a confiança de que o som das minhas palavras seja sempre avassaladoramente capaz de me fazer dançar, ao invés de marchar!

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4 respostas para Três tipos de gente

  1. Impressionante como essa conversa que tivemos quando nos conhecemos mudou nossa vida Andrea!!!!! Algo que desde o nosso encontro temos compartilhado com pessoas que conhecemos nos últimos dias. Pessoas que assim como nós tomam atitudes, por menores que sejam para sair da marchinha!!!! Pessoas conscientes que querem de alguma forma influenciar positivamente aqueles que estão ao redor!!!!! Sua forma de ver nos abriu os olhos definitivamente!!!!!! Um gde bjo!!!!

  2. Severino Vasconcelos disse:

    Dra. Andréa, boas…

    “É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram.” (Voltaire) Eu trabalho este texto nas aulas de iluminismo. Aqui reside a minha preocupação com os alunos: eles são resultado de uma bolsa tola que alimenta ignorância… Quando li a postagem do texto “Libertei mil escravos…” lembrei dos dramas que vivo na escola, daí veio a resposta ao seu texto: você escreve pra muitos, mas eles não sabem, quem sabe aplaude e agradece.
    Severino Vasconcelos

  3. Guilherme A. do Valle disse:

    Andrea,
    Continue falando em voz alta. pois suas reflexões tem sido suave melodia, mesmo quando a crítica é contundente ou até impaciente. Continue falando, isto é escrevendo! Como você já esta consciente, poucos talvez escutem o seu canto, mas te conto que não faltara alguém que não se encante com ele, pois sei que fala do coração.

  4. Bianca disse:

    adorei o texto!! amo vc e suas idéias!

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