Estatística do caos humano

 

Já faz algum tempo recebi um PowerPoint (vejam no site um vt completo; o endereço é: http://www.miniature-earth.com/) que estimulava a pensar sobre a vida no planeta. Guardei os slides para traduzir um dia e enviar aos amigos, pois achei pertinente. Mas, os meses passaram e até o presente momento não havia cumprido minha própria promessa.

Nessa semana, com os episódios intensos que vivenciei por aqui, voltei a pensar no antagonismo terreno e me lembrei desse arquivo. Na análise o autor (que desconheço e, portanto, não reafirmo sua estatística, mas endosso sua correlação de ideias) explica que, se tivéssemos que colocar 100 pessoas juntas num único espaço, representando proporcionalmente a população do planeta, 57 seriam asiáticos, 21 europeus, 14 americanos (considerando as três Américas) e 8 seriam africanos.

Pela sua conta, 52 pessoas seriam mulheres e 48 seriam homens. No total, teríamos 30 caucasianos e 70 não caucasianos; 30 cristãos e 70 não-cristãos, 89 heterossexuais e 11 homossexuais.

Entre as 100 pessoas, apenas 6 delas possuiriam 59% das riquezas do mundo. Todas as 6 pessoas seriam americanas (dessa vez, considerando apenas a América do Norte). A situação de pobreza atingiria 80 pessoas; o analfabetismo 70 pessoas. A metade delas (50 pessoas) teria desnutrição e/ou estaria passando fome. Uma pessoa estaria morrendo. Uma pessoa teria um computador. Uma pessoa teria um diploma universitário.

De acordo com a mensagem, 1 milhão de pessoas não sobrevivem a semana. Na minha associação livre, isso significa a metade da população de Conakry. Ou seja, se concentrássemos esse número em um único local, em duas semanas a cidade estaria completamente vazia. Ou ainda, isso representa em torno de 9 vezes a população de Barretos, o que quer dizer que em menos de um dia a cidade deixaria de existir. Ou mesmo, quase a metade da população de Curitiba estaria fora do mapa da vida. Talvez um bairro inteiro de São Paulo, ou a cidade inteira dentro de 3 meses.

Aproximadamente 500 milhões de pessoas já estiveram ou ainda estão em situação de guerra, aprisionamento, tortura e fome. Isso representa mais de 2 vezes a população do Brasil. E olha que somos um grande país!! O autor afirma, ainda, que 3 bilhões de pessoas vivem em estado de alerta por conta da violência (assaltos e assassinatos). E, que apenas 25% da população do mundo têm acesso a uma vida material estável, garantindo onde se abrigar e como se vestir.

No final, o autor reforça que, se pessoalmente não figuramos nessas últimas estatísticas, é porque estamos numa condição privilegiada. Portanto, que devemos “trabalhar como se não precisássemos de dinheiro. Amar como se nunca tivéssemos sido magoados. Dançar como se ninguém estivesse vendo. Cantar como se não estivessem nos ouvindo. Viver como se aqui fosse o paraíso.”

gotaNo final reforço, para mim mesma, que se não figuramos nessas últimas estatísticas, é porque estamos numa condição de trabalhar em dobro em prol da vida como um todo. É porque somos dotados de energia suficiente para espalharmos alegria por onde quer que passamos. E que, portanto, devemos nos responsabilizar mais para que o nosso pequeno paraíso seja cada vez maiscompartilhado por mais pessoas.

Isso me fez lembrar da Madre Tereza de Calcutá que dizia, em outras palavras, que não devemos jamais deixar que uma pessoa se afaste de nós da mesma maneira que ela se aproximou. Isto é, que no mínimo, podemos oferecer um sorriso, uma palavra de conforto, um olhar terno, um carinho qualquer, ou um pedaço de pão, proporcionando a ela um pouco de alento, nem que seja por um minuto apenas.

Por isso, se não figuramos nessa estatística perversa, temos o compromisso de nos perguntar o que estamos fazendo por aqueles que estão enquadrados no caos humano e a força necessária para respondermos a questão com ações concretas na tentativa de reverter o gráfico do descaso, do antagonismo, e do sofrimento.

Que tipo de seres somos nós, afinal? Espero que do tipo que preconiza Pablo Neruda:

“É proibido chorar sem aprender,

Levantar-se um dia sem saber o que fazer

Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas

Não lutar pelo que se quer,

Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor

Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos

Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,

Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,

Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,

Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,

Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,

Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas,

Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,

Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,

Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,

Não pensar que podemos ser melhores,

Não sentir que sem você este mundo não seria igual.”

Por isso, reforço que é proibido não se incluir no processo de evolução espiritual coletivo!

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6 respostas para Estatística do caos humano

  1. Cassiane disse:

    Como sempre um texo lindo e reflexivo ! Precisamos de mais pessoas assim ! Beijão

  2. Severino Vasconcelos disse:

    Dra. Andréa, boas…

    Complexidade…

    De onde vim deixei para traz um grito no eco do silêncio… Onde estou sinto que o meu grito é mudo, é surdo, é indolor, é inodoro…

    Pra onde vou… É esquisito pensar, mas não é proibido, como Neruda falou: “Pensar sem esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente. É proibido não tentar compreender as pessoas…” Bom, aqui faço uma estação para comentar também a estatística humana… Ela é mais grave do que os números… Eu já pensei muito sobre o exposto, eu faço parte dele, aqui no Brasil, temos uma economia que não faz acompanhar o ritmo de nanismo cultural, isso leva ao homem não pensar, ao medievalismo em suas algemas… Aqui também um alerta: quem viu não calar; quem ouviu repetir; quem somou dividir… É isso que você fez, está fazendo Dra. Andréa, e eu aplaudo…

    Severino Vasconcellos

  3. Edna Wilck. disse:

    Andrea, vce está em profunda consciência terrenal,com a Graça do Grande Espírito!
    Agradeço-lhe por trazer com tanta qualidade e luz, esta questão humana recortada e sobreposta de realismo ,solidariedade e poesia! Sim, vce é uma tradutora vivencial da arte de conceber mobilidade e exatidão dos fatos!..Com robustez e ternura. Meu agradecimento e eterno amor como retribuição por tamanho préstimo.Edna Wilck ,o pequeno pagé de todos os dias!
    1000 carinhos Andrea.

  4. Aline disse:

    Querida, amei o seu texto, vou compartilhá-lo!
    Uma pena que ainda não conseguimos marcar nosso Skype… Qdo puder, me avise!
    Bjo!
    Aline

  5. Fernando Mo disse:

    Oi Andrea, belo tópico, vi esse site hoje, dá uma olhada, acredito que vá gostar =)
    http://www.miniature-earth.com/

  6. Claudia Cobalchini disse:

    saudades! Belíssima deferência à vida!

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