A viagem de um lado para outro foi relativamente tranquila. Fiquei um bom tempo sentada na plataforma de ônibus, observando o ir-e-vir das pessoas. Foram 4 horas de espera, de escuta, de contemplação, de conversas com um e com outro. Cada um com uma história diferente e eu com a mesma história para todos… a minha história.
Dez horas depois chegava ao destino pretendido. Um verdadeiro impacto. Depois de 15 dias no deserto, mergulhada num mundo de reflexões internas, sentir a vibração de todas aquelas pessoas e o seu som ecoando externamente, puxa a gente para a realidade de samsara e assusta um pouco.
Mas, não é apenas esta “poluição energética”. É também a dificuldade de voltar à superfície da vida cotidiana. Chega a ser doloroso e impõe uma responsabilidade ainda maior, exigindo doses extras de sabedoria para equilibrar os dois mundos (interno e externo) e as duas dimensões (espiritual e material). Agregado a isto, se entrelaçam as tantas outras variáveis oriundas dessas “categorias”.
Enfim, nova estalagem para uma transição drástica entre o que estava imerso e para onde irei submergir dentro de algum tempo. Amanhã será um dia prático para tomada de decisões e providências. Então busco reforço na memória para tornar presente o aprendizado e ficar em alerta: “ordinarience”. Palavra chave de um dos tarôs que abri ao longo deste período. Não dá para não considerar seu significado!!
Nem sei como traduzir esta palavra, mas venho utilizando o termo “ordinariedade” ou “comum” para tentar expressar o seu conceito. Tem tudo a ver com todos estes anos de busca. Tem tudo a ver com voltar a samsara no anonimato, no hiato entre o começo do fim e a eternidade.
Que o fluxo da vida se encarregue de minha alma, generosamente!